"Narciso acha feio o que não é espelho"


Com os pés descalços, sentado no banco de uma praça, Alessandra está acompanhada do marido, do irmão, e de um amigo cadeirante, que ela afirma ser seu fiel escudeiro. Estas quatro pessoas têm algo em comum. Elas residem em uma praça na cidade de Uberlândia.


A aproximação da equipe de reportagem com o grupo foi suficiente para Alessandra interpelasse com a voz confiante “Quem são vocês?”.

Com a voz apreensiva ela indaga que “Não é bom confiar em jornalistas” e lembra que bastou uma reportagem com moradores de rua na cidade de Campinas, para que ela e os seus companheiros fossem convidados a sair do local e retornar a sua cidade de origem. Além de Campinas em São Paulo, Alessandra e seus amigos já viajaram para Americana, e algumas cidades do interior de Goiás.

“Eu sou feliz aqui!” afirma Alessandra que saiu de casa para morar nas ruas da cidade há dezenove anos. Seus pais residem num bairro periferico da cidade e ela visita eles frequentemente. “Minha mãe já ameaçou me trancar em casa para que eu não voltasse às ruas, mas eu não posso sair daqui, tenho meu marido e eu amo ele”. Ela comenta ainda que por conta de suas escolhas, percebe nitidamente o preconceito e o medo de algumas pessoas e em contrapartida, a boa vontade de outras que oferecem comida ao grupo que se instalou na praça.

Embora o assistente social da prefeitura, Alexandro, já tenha abordado o grupo para que eles saíssem das ruas e fossem encaminhados para um abrigo, Alessandra retruca que não irá e que o prefeito de Uberlândia não tem direito de tirá-la dali, porque ela é tão moradora da cidade quanto ele.

De acordo com outro assistente social que teve contato com Alessandra há alguns anos e preferiu não se identificar, a moradora de rua já foi internada em clinicas de recuperação para dependentes químicos, mas ela fugiu do local que era internada por diversas vezes. “Talvez a liberdade iluda estas pessoas contribuindo para que elas esqueçam as péssimas condições de vida que se encontram” conclui o assistente social.

6 comentários:

Thamyzinha Iwasaki disse...

para muitos o estranho é algo ruim algo que não devemos nos envolver ou nem mesmo olhar, mais o estranho nada mais é que algo diferente, não devemos julgar mal porque é estranho e sim comnheer o estranho e torna ele uma coisa não tão estranha em nossa vidas.
É sempre bom aprender novas coisa e vivenciar novas esperiencias que mesmo estranhas são novas.

xau

Luana Rodrigues disse...

Gostei muito do teu blog. Parabéns!

Inez disse...

Ótimo texto.
Estranho é tudo aquilo que não estamos aconstumados ou que não faz parte do nosso dia a dia.

Guttwein disse...

Criação, concepções adquiridas... Tudo acaba interferindo para os olhos olhares no cotidiano...

disse...

Tudo que é diferente soa estranho, mas passa. Conforme convivemos com o diferente ele passa a ser natural e nada mais soa estranho...
A chave é conviver!
Quer coisa mais diferente que homem e mulher e no convivio se dá tao bem? (sei... nem sempre... rs)

Engraçado que acabei de escrever sobre isso.
E no que fui postar achei seu comentario e estou aqui para me desculpar pelo erro!!!!
(Já pedi desculpas na comu tb. Estou envergonhada)

Beijosss

Millena disse...

Estranho é o diferente, o fora dos padr~es o que não é rotulado.