Uma cultura itinerante

Qual a fronteira geográfica da cultura nordestina?

E pensar que do norte ao Sul do Brasil se pode comer tapioca, bolo de macaxeira, dançar forro, sem para isto se sentir um “abestado”.
Imigrantes nordestinos existem por todos os lados do país, assim como existem mineiros que vivem na região sul, gaúchos que mudaram para o centro-oeste e assim por diante.
O Brasil é essa mistura de ritmos, de tempero, e de dialetos.
Mas para o povo nordestino, se ausentar da sua terra pode ser a única alternativa para escapar da fome e da miséria. Com a revolução industrial, e a urbanização do emprego, cidades como São Paulo e Rio de Janeiro, tornaram-se atrativo para os nordestinos que buscavam trabalho no país. Brasília pode ser citado como exemplo de cidade construída com o auxilio desse povo guerreiro e determinado do sertão. Mas como será a vida deste povo viajante, que leva junto a sua bagagem costumes dialetos, sonhos e comportamentos peculiares?
Falar da cultura nordestina é abrir um leque de possibilidades.

Basta lembrar que historicamente ali foi à primeira região a receber influência direta dos colonizadores portugueses, e posteriormente dos escravos africanos. Com tanta mistura, é difícil definir uma tipologia cultural para os nordestinos.

A terra que anteriormente serviu de inspiração para os versos de Pedro Vaz de Caminha, nas ultimas décadas simbolizou a seca e as desigualdades sociais, a falta de oportunidade e o coronelismo que faz poucos se sustentar com a miséria de muitos.
E pensar que a miséria e a seca do nordeste brasileiro, nas mãos de um literário introspectivo, Euclides da Cunha, fizesse tamanho desamparo se tornar uma das mais belas obras da literatura brasileira: “Os sertões”.
Assim transparece que o povo nordestino faz com a sua cultura, e com o seu modo de ser. A dor do sertanejo vira canção, surge um repentista. O Frevo, a baianada, o maracatu; danças que simbolizam a alegria e espontaneidade, de quem luta pra vencer.
Mas afinal quantas faces possuem o nordeste?

Se mergulharmos na culinária nordestina, teremos peixes na área litorânea, e derivados de bovinos, caprinos e ovinos no interior dos estados; pratos feitos com carne seca em contraste aos mariscos pescados na beira do mar. Este nordeste de contraste, de muitas faces, representa o retrato de um país que tenta crescer, mas que ainda possui muita miséria e desigualdade.

Existe vários nordeste em um só. O sotaque também demonstra isso. Na Bahia de Jorge Amado, o sotaque arrastado confronta-se com o gingado léxico e espontâneo do pernambucano. E estas pequenas singularidades distintas encontram similaridade no Sul do país, uma região que apesar de distante geograficamente, possui uma similaridade linguística com o norte e o nordeste do país, a utilização frequente do pronome “tu”.
A cultura brasileira é rica!
É esta a luta dos amantes da cultura nordestina. Eles querem preservar o seu patrimônio cultural, proveniente de sua historia, e dos seus anseios.
A cultura Nordestina fala muito sobre o jeito de ser, de pensar, de uma região. Ela manifesta a dor de um povo sofrido pela escassez monetária, mas também a alegria de quem luta por um mundo melhor. E ela esta presente em diversas partes do país, porque o povo nordestino procurando alternativas para suas dificuldades, viajou por este Brasil de norte a sul, levando em sua memória e em seus costumes sua cultura e seu modo peculiar de ver o mundo e de representar sua identidade neste cenário.

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